Sem projetos a serem discutidos, sessão foi mais uma vez pautada pela enchente

  • 06/06/2024
  • 0 Comentário(s)

Sem projetos a serem discutidos, sessão foi mais uma vez pautada pela enchente

Encontro foi mais uma fez pautado pela enchente de maio e seus imensuráveis reflexos deixados para o município e a região.


Arroio do Meio - Nesta quarta-feira, dia 5, sob a presidência de Rodrigo Kreutz (MDB) foi realizada mais uma sessão ordinária do Poder Legislativo de Arroio do Meio.

Na ocasião assumiu uma cadeira o suplente Fernando Kuhn (MDB), no lugar de sua colega de partido, Adiles Meyer, em licença por tempo indeterminado.

Nenhum projeto de lei esteve na ordem do dia nesta sessão. Assim, o encontro foi mais uma fez pautado pela enchente de maio e seus imensuráveis reflexos deixados para o município e a região.

Grande expediente

O vereador Vanderlei Majolo (Progressistas) falou sobre a enchente e sobre a surpresa das autoridades ao se depararem com a destruição quando chegam no município. Levantamentos dos técnicos da agricultura apontam cerca de R$ 60 milhões de prejuízos imediatos, sem contar as dificuldades futuras. A situação é delicada também para as pessoas que perderam suas moradias, assim como para o comércio que sofreu perdas. Ele destacou a expectativa da visita do presidente Lula, para que se consiga uma forte ajuda do governo federal. Se isso não acontecer, a retomada será muito difícil. Manifestou sua aflição por não poder ajudar mais as pessoas com soluções mais rápidas. No entanto, garantiu que todos estão empenhados e engajados na reconstrução. Lamentou que tudo esteja muito devagar, especialmente para quem precisa de soluções imediatas. Repetiu a frase que diz há várias sessões: “Juntos somos mais fortes.”

A vereadora Alessandra Brod (Progressistas) elogiou a presença da comunidade na sessão. Ela falou sobre a moção da AVAT que discute a questão do desassoreamento já antes dos eventos das enchentes. Um projeto já foi encaminhado a Brasília em abril de 2023. A vereadora destacou a importância de se buscar apoio para a limpeza do Rio Taquari, visando amenizar a situação das enchentes. Ela lembrou que sempre participa das ações da AVAT, mesmo que a Câmara de Arroio do Meio não seja associada. Os eventos recentes mostraram a importância da união da região do Vale do Taquari e a necessidade de encontrar maneiras de amenizar os impactos das enchentes. Alessandra Brod ressaltou a necessidade de assessoria especializada, inclusive suporte do exterior, para lidar com esses eventos. Ela enfatizou que é preciso aprender com os eventos passados e sugeriu a criação de um aplicativo para que as pessoas tenham informações mais precisas. A respeito dos colonos endividados que pedem anistia, a vereadora também destacou a necessidade de ajudar aqueles que não fizeram nenhum tipo de empréstimo para o cultivo. Por fim, Alessandra Brod afirmou que é preciso reconstruir, mas acima de tudo, zelar pelas vidas.

O vereador Nelson Paulo Backes (PDT) cumprimentou o público presente na sessão e lamentou que as pessoas não compareçam mais. Ele considerou este o momento mais triste da história do município, lembrando dos antepassados que lutaram para que a cidade se tornasse pujante, agora enfrentando este desastre. Ele destacou que a grande maioria dos moradores foi atingida, não se restringindo apenas às áreas ribeirinhas. Backes afirmou que quase todas as situações são urgentes atualmente. Ele mencionou a necessidade de quase mil casas, ressaltando que muita burocracia está barrando o andamento das soluções. Enfatizou também a necessidade de estradas e acessos, pois o município está isolado. Em setembro, foi prometido um aporte de R$ 55 milhões do governo federal, mas até hoje o dinheiro não foi visto. O vereador falou sobre a profundidade do Rio Taquari, que há 50 anos era muito maior, e a necessidade de encontrar uma maneira de realizar o desassoreamento e a dragagem do rio, que atualmente não permite mais a navegação. Ele apontou que os municípios também precisam tomar medidas com novos planos diretores, definindo onde se pode construir. Demonstrou preocupação com as desistências das pessoas, que estão abandonando o interior e os bairros, deixando seus negócios para morar na cidade em apartamentos, preferindo se acomodar. Sobre a Escola Guararapes, informou que fez alguns contatos para que as aulas sejam retomadas de alguma forma. Informou ainda que nesta terça-feira (4), a empresa responsável pelos reparos no educandário chegou para iniciar os trabalhos.

O vereador Roque Haas, conhecido como Rocha (Progressistas), falou sobre os agricultores, destacando que é um defensor dessa classe. Ele mencionou que se discutia na Câmara que 75% dos agricultores têm idade avançada e pouca expectativa de continuar com suas propriedades. A administração criou alternativas para valorizar a classe, como o aumento do cheque incentivo, mais horas-máquina, projetos de investimento para pequenos agricultores e a redução das taxas ambientais em 50%. Rocha lamentou a chegada de duas estiagens e agora das enchentes que arrasaram o setor primário, causando grande tristeza em pessoas que trabalharam a vida toda e agora não têm como recomeçar. Ele lembrou que os agricultores são responsáveis por boa parte da economia do município, o que lhe preocupa ao ver a agricultura falida. Sobre a administração, ele afirmou que muito foi feito na busca de recursos e na execução de asfalto para contemplar moradores que sofriam com a poeira há 40 anos. Citou diversas obras realizadas e em andamento, mencionando que as filas de espera nas creches estão praticamente zeradas. Rocha observou que há poucas pessoas para atender a grande demanda que a enchente gerou para o funcionalismo público. Reconheceu que a situação não está fácil para ninguém, mas destacou a necessidade de um pouco mais de gratidão por parte das pessoas. Por fim, lamentou o pedido de informações por parte da bancada da oposição, em um momento tão delicado, quando é preciso de união.

A vereadora Maria Helena Matte (MDB) afirmou que desde a enchente de setembro, buscam-se soluções para as famílias atingidas. Diversas moradias ainda não saíram do papel e agora a situação se agravou com a cheia de maio, aumentando ainda mais o número de desalojados, sem uma perspectiva de solução a curto prazo. Ela enfatizou que é preciso mais do que ações de curto prazo e que essas ações precisam ser rápidas para garantir o mínimo de dignidade para as pessoas que estão desalojadas e sem casa.Maria Helena sugeriu a colocação de divisórias nos salões para oferecer maior privacidade aos que estão abrigados nesses locais. Ela ressaltou a necessidade de unir esforços para cobrar agilidade na construção das casas prometidas. Ela também destacou a urgência de olhar para a agricultura, mencionando que os agricultores não pedem apenas ajuda, mas socorro. Muitos não conseguem sequer chegar às suas terras devido à falta de acessos. Enfatizou que os recursos precisam ser liberados rapidamente e que é preciso olhar para o bem-estar das pessoas, pois isso afeta diretamente o psicológico delas. A vereadora afirmou: "É preciso ser forte, pois o que estamos passando é muito difícil. Infelizmente, não vejo muita luz”. O comércio também está se reorganizando, mas precisa de ajuda com recursos. Em meio a toda tristeza, ainda há duas pessoas desaparecidas, entre elas, um ex-colega da prefeitura. Maria Helena prestou homenagem a Aloisio Antonio Weschenfelder, figura importante para o município, especialmente para a localidade de Forqueta. Por último, alertou sobre os cuidados necessários para evitar a contaminação com leptospirose.

O vereador José Elton Lorscheiter, conhecido como Pantera (Republicanos), esclareceu sobre o auxílio reconstrução do governo federal, expressando preocupação. Ele mencionou que aproximadamente 4 mil pessoas já foram cadastradas, das quais 2,5 mil já foram analisadas pelo governo federal. Ele explicou que, após a análise do governo, é necessário que a pessoa entre no portal gov.br e forneça algumas informações adicionais. Caso alguém tenha dificuldade, deve procurar o CRAS, que tem uma pessoa disponível para ajudar nessas situações. A tendência é que todos recebam o auxílio. Pantera relatou uma reunião com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), destacando que as situações são difíceis. Ele esteve com um grupo na empresa Minuano e descreveu como chocante ver a destruição total, embora o maquinário tenha sido retirado a tempo. Com um investimento de R$ 15 milhões, a empresa planeja retomar suas atividades em alguns dias. Sua maior preocupação no momento são as pessoas que perderam suas casas e ficaram sem teto da noite para o dia. Ele criticou as comitivas que fazem teatro e destacou que a agricultura e o comércio precisam de recursos. Lembrou que o presidente visitou a Univates em janeiro, anunciando recursos para casas, mas enfatizou que não adianta anunciar e não cumprir, sendo necessário pressionar para que os recursos sejam liberados de fato, e não apenas promessas vazias. Pantera informou que, se tudo correr bem, até a próxima semana será possível realizar a travessia pela ponte de ferro. Em relação à ponte do DNIT que o Exército vai montar, ele torce para que fique pronta ainda este mês.

O vereador Fernando Kuhn (MDB) declarou que está retornando à sua residência após um ano, em uma circunstância desagradável, enfrentando numerosos desafios e tendo que tomar várias decisões, as quais devem ser pautadas pela razão e não pela emoção. Ele destacou que o Vale do Taquari experimentou um período de ascensão, seguido por quedas em setembro e novembro. Apesar das promessas de melhorias, quando a situação começou a melhorar novamente, uma catástrofe se abateu sobre a região. Embora muitas promessas tenham sido feitas pelo governo, é o povo, agindo por si mesmo, que está resolvendo os problemas. O vereador elogiou a visita da comitiva de Chapecó e também enalteceu a iniciativa do empresário em relação à ponte de ferro. No entanto, expressou preocupação sobre a falta de informações sobre o tráfego após a conclusão da ponte, assim como a falta de preparação das vias para o aumento do fluxo de veículos, deixando a população no escuro quanto a essa logística. Em relação ao Centro de Referência de Assistência Social (Cras), o vereador apontou a falta de informações precisas nos cadastros, o que tem prejudicado o andamento dos benefícios. Ele também abordou a questão da geração de empregos e a situação desumana dos abrigos na praça, onde as condições de frio são extremas, sugerindo que as pessoas sejam realocadas para ginásios ou locais mais adequados.

O vereador Cesar Kortz (MDB) relatou que foi abordado por moradores da região do Novo Horizonte, onde há ocorrência de esgoto a céu aberto em residências construídas pelo Ministério Público, o que configura uma questão de saúde pública. Ele expressou total apoio à moção de apoio à dragagem. Em 2021, durante uma reunião em Encantado, foram discutidos diversos assuntos, incluindo a dragagem e a criação de um corredor ecológico. No entanto, não houve avanços devido às intervenções da promotoria. O vereador também mencionou que desde 2021 não há mais extração de cascalho do rio, o qual era utilizado gratuitamente para manutenção das estradas e acessos, algo que faria diferença atualmente, no leito do rio. Ele comentou sobre a visita de Paulo Pimenta, presidente, e do governador, destacando que no ano anterior foram feitas promessas que ainda não foram cumpridas, inclusive a compra de áreas que poderiam ter sido destinadas às pessoas afetadas pelas enchentes. Além disso, ele cobrou assistência para empresas e agricultores, ressaltando que as ajudas recebidas são, em sua maioria, na forma de doações. O vereador enfatizou a importância de disponibilizar máquinas para a limpeza de propriedades e residências, afirmando que é necessário fazer a economia local voltar a funcionar. Por fim, ele comemorou o fato de que algumas empresas já estão divulgando vagas de emprego, o que indica um pequeno avanço nesse aspecto.

O vereador Paulo Heck (MDB) abordou questões relacionadas à agricultura, mencionando sua participação em uma reunião com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), onde foram discutidas as dificuldades enfrentadas por alguns produtores rurais. Ele destacou a realidade vivenciada pelos agricultores ao visitar suas propriedades, observando a venda dos últimos animais devido à falta de condições para o tratamento adequado. Paulo Heck ressaltou que Arroio do Meio enfrentou uma queda de 70% na produção de leite, atribuindo parte desse problema à dificuldade no transporte de insumos, já que muitas empresas relutam em trazê-los devido à falta de retorno para seus estados de origem. Ele expressou preocupação com a escassez de alimentos para os animais e cobrou medidas de compra por parte do município para enfrentar essa situação. Além disso, mencionou que ainda há pessoas sem energia elétrica, mesmo após 37 dias. Sobre a dragagem do Rio Taquari, o vereador mencionou que antes eram retiradas cerca de 4 mil cargas de cascalho por ano, mas atualmente essa atividade não é mais realizada. Ele também chamou a atenção para a destruição da mata ciliar, ressaltando que atualmente é mais fácil para os municípios contratarem empresas para extração de cascalho e areia do rio. Quanto às empresas afetadas, ele sugeriu que o município estude a possibilidade de oferecer um aluguel social também para o comércio até que se recuperem. Ele criticou a demora na liberação de recursos, tanto por parte dos governos federal e estadual quanto do município, mencionando um financiamento de R$ 8 milhões para compra de terrenos aprovado no ano anterior, mas que ainda não foi utilizado. Finalmente, Paulo Heck mencionou que o município possui R$ 500 mil destinados à contratação de máquinas para atender o setor primário, mas até o momento a documentação necessária para evitar a perda desse valor ainda não foi assinada pela administração municipal.

O vereador Marcelo Schneider (MDB) destacou a presença dos moradores na sessão devido à falta de atendimento da prefeitura. Desde a última sessão, ele tem ficado cada dia mais preocupado com a situação, especialmente diante da clara dificuldade financeira do município. Marcelo questionou o destino dos recursos públicos, considerando que, nos anos anteriores, havia um superávit de R$ 10 milhões em relação ao previsto. Ele expressou sua preocupação com a ausência de recursos disponíveis para a compra de áreas de terra, apontando que na campanha eleitoral foi prometido um excedente de 10% para investimentos, sem a necessidade de empréstimos para obras de asfalto, algo que não se concretizou. Atualmente, segundo o vereador, a comunidade está dependendo da ajuda dos governos federal e estadual, pois todo o dinheiro disponível foi gasto. Ele lamentou a falta de uma reserva técnica para a compra de áreas de terra em um município que, outrora, era próspero. Marcelo Schneider ressaltou que a comunidade está dependendo de doações e voluntariado para sobreviver, enquanto as máquinas municipais estão em situação precária após as enchentes, com falta de óleo hidráulico e pneus. Ele criticou a falta de andamento dos projetos, sugerindo que a situação atual é resultado de politicagem. O vereador questionou o paradeiro do dinheiro arrecadado pelo município nos últimos três anos e meio e expressou sua preocupação com a queda na arrecadação futura. Por fim, ele manifestou seu apoio à moção de apoio à dragagem dos rios Taquari e Forqueta e parabenizou todos os voluntários e doadores que têm ajudado o município.

O vereador Rodrigo Kreutz (MDB) expressou sua satisfação com a presença dos cidadãos na sessão legislativa. Ele discorreu sobre a necessidade de construção de diversas pontes, destacando que apenas em Arroio Grande já foram perdidas cinco estruturas. Rodrigo ressaltou como um passo importante a instalação da ponte pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e agradeceu aos empresários que estão contribuindo para a reconstrução da ponte de ferro, demonstrando que é possível realizar tais empreendimentos. O vereador também enfatizou a importância da dragagem dos rios, salientando que anteriormente eram retiradas milhares de cargas de cascalho, um recurso que agora se perdeu. Ele sugeriu que essa prática também seja realizada nos rios Forqueta e nos arroios, visando beneficiar a agricultura local. Rodrigo mencionou a necessidade de máquinas agrícolas para os agricultores, permitindo-lhes retomar suas atividades produtivas, e agradeceu aos influenciadores digitais por mobilizarem doações de alimentos para os animais, destacando o papel fundamental do voluntariado em diversas comunidades. Ele informou que atualmente foram instaladas 28 casas provisórias e que há previsão de mais 42 casas pelo Ministério Público, além de outras dez doadas por um grupo. No entanto, ressaltou que o município precisa cumprir seu papel, especialmente na aquisição de áreas para construção das moradias, visto que ainda não possui espaço para todas. Por fim, ele enfatizou a importância da realização de um levantamento para identificar onde estão sendo bloqueados os recursos e sugeriu que o município também adquira terrenos para doação às pessoas que desejam construir suas próprias moradias.

Os pronunciamentos na íntegra podem ser acompanhados no site da Câmara Municipal de Vereadores, no endereço eletrônico: https://camaraarroiodomeio.com.br/

Próxima sessão

A próxima sessão ordinária do Poder Legislativo de Arroio do Meio está pré-agendada para às 18h30 do dia 19 de junho.

Fonte: Assessoria de Imprensa da Câmara de Vereadores de Arroio do Meio
Foto: Solano Linck

#Compartilhe

0 Comentários


Deixe seu comentário








Aplicativos


Locutor no Ar

Anunciantes